Quando pensamos em transtornos mentais na cultura pop, raramente é boa coisa. Aqui vão 5 boas representatividades de transtornos psicológicos.
A realidade é que os transtornos psicológicos são “sensacionalizados” ou “paranormalizados”: ou são representados da pior maneira possível, ou o transtorno é algo místico, ou tem um cunho religioso.
Além de serem gatilhos para as pessoas que conhecem seus diagnósticos, essas representações completamente equivocadas podem fazer com que as pessoas nem percebam que estão precisando de ajuda, pois não “estão tão ruins assim”. Se quiserem mais informações, podem assistir a esse vídeo.
Mas está tudo perdido?
Ainda bem que não. Este texto é para provar ser possível tratar os transtornos mentais de forma mais próxima da realidade.
1. Riley Anderson — Divertida Mente (Depressão)
Primeiramente, é imprescindível entender a importância desse filme para educação emocional das crianças e também como ele ajuda psicólogos infantis.
Para quem não assistiu, o filme trata da mudança da Riley de cidade, na verdade, de estado. Ela se vê obrigada a se retirar do lugar que representa tudo que ela conhece. Até mesmo o clima não é mais o mesmo e a sua relação com o gelo, e o hockey, acaba sendo alterada por isso.
No entanto, o filme não é apenas sobre ela, mas sim sobre as emoções que vivem na cabeça dela: Alegria, Tristeza, Nojo, Medo e Raiva. A personificação dessas emoções faz com que elas se tornem palpáveis para as crianças, que antes enxergavam os seus sentimentos como coisas abstratas demais para elas darem nomes.
A Tristeza, tentando se fazer mais ativa, e passa a interferir nas memórias base da protagonista. Essas memórias acabam se perdendo e aos poucos a Riley se torna apática, tem rompantes de raiva e se sente desconectada de quem ela é.
Riley está deprimida.
Todos os sinais estão ali e são tratados de forma muito suave e cuidadosa. A depressão infantil é uma realidade muitas vezes ignorada, e esse filme trata dela de forma lúdica e compreensível, para que as crianças consigam se sentir representadas nas mudanças na Riley.
O filme está disponível na Disney+.
2. Vários Personagens — O Mínimo Para Viver (Distúrbios Alimentares)
Talvez distúrbios alimentares sejam o transtorno psicológico mais glorificado de todos. Constantemente atrelados a imagens de antes e depois e a uma vida numa sociedade cheia de coisas interessantes nas quais você precisa se encaixar.
Digo mais, o adorado O Diabo Veste Prada trata de forma completamente desrespeitosa a relação da Emily (interpretada por Emily Blunt) com a comida. A anorexia dela, ali, é uma piada.
Do outro lado, temos filmes que tratam distúrbios alimentares como monstros sem fim que acabam ceifando vidas. É claro que esse transtorno (em especial a anorexia e a bulimia) matam pessoas todos os anos. Porém, a ficção não deveria tratar também de como é o tratamento? A recuperação? A vida no dia a dia de pessoas com distúrbios alimentares.
Em O Mínimo para Viver vemos um grupo heterogêneo de pessoas internadas em uma clínica de tratamento. De forma muito sincera, e às vezes com recaídas, esse filme não busca indicar que há uma cura milagrosa. Distúrbios alimentares são como um vício, é algo que você tem que lidar durante toda uma vida, mas que é totalmente possível viver com isso existindo como parte de quem você é.
O filme está disponível na Netflix.
3. Tara Gregson e o sistema — United States of Tara (Transtorno Dissociativo de Identidade)
Anteriormente conhecido como transtorno de múltiplas personalidades, o transtorno dissociativo de identidade faz parte da categoria de transtornos psicológicos “paranormalizados”. Sempre uma personalidade é superpoderosa (como no filme Fragmentado). Da mesma forma, muitas pessoas dom TDI compartilham o fato de terem sido submetidos a alguma espécie de exorcismo durante a vida.
É um transtorno que surge como resposta a estresse pós-traumático complexo, cuja pessoa é submetida logo na primeira infância e a personalidade que ainda não está completamente formada acaba, portanto, por se fragmentar em outras personalidades para proteção.
United States of Tara é uma série, e uma das poucas representações consideradas pelo grupo Internacional de pessoas com TDI como o mais próximo da realidade.
Além de possuir mais de uma personalidade alternativa, a personagem realmente tem amnésia, e a forma em que ela precisa lidar com a vida já que a Tara é uma mãe de família é muito realista.
No momento, a série não está disponível no Brasil.
4. Jessica Jones — Jessica Jones/Marvel (Estresse Pós-Traumático)
Enquanto os outros transtornos psicológicos são normalmente mal utilizados, o estresse pós-traumático é um transtorno que além de ser muito usado, também é geralmente bem trabalhado.
Isso se dá pela quantidade absurda de filmes de guerra, ou que apresentam veteranos de guerra, em Hollywood. Com a realidade bélica dos EUA, a ficção tende a refletir isso diretamente. E com o estresse pós-traumático não é diferente.
Você deve estar se perguntando, então, o porquê desse número 4 da lista. É claro que se trata de um transtorno muito comum em combatentes, mas tratá-lo apenas nesse viés acaba invisibilizando todas as pessoas que convivem com ele, sem nunca terem pegado em uma arma sequer.
O estresse pós-traumático pode surgir como consequência de acidentes ou assaltos, ou qualquer coisa que seja, bem, traumática. No caso de Jessica Jones, a protagonista tem que viver dia após dia com o trauma causado por um relacionamento abusivo, e também a sua sobrevivência apesar dele.
A forma em que a série mostra como a Jessica lida, ou não, com esse trauma e como, por fim, aprende a realmente viver com seu estresse pós-traumático é realista e até mesmo inspiradora, de uma forma às vezes um pouco torta.
No momento, a série não está disponível no Brasil. Em breve, está previso para entrar para a Disney+.
5. Abed Nadir — Community (Transtorno do Espectro Autista)
Enquanto outros transtornos têm seu nome jogado de forma bastante leviana, o transtorno do espectro autista é quase evitado ser nomeado. Mesmo quando nomeado, o personagem geralmente é uma poça rasa de gênio de exatas.
Quando não se usa a palavra “autista” o personagem é uma soma de características que formam o diagnóstico de TEA e é entendida pelos demais personagens como “a pessoa da personalidade estranha” onde autores usam de traços autistas para construir personagens “esquisitos”, mas jamais assumem eles como neurodivergentes, são vistos apenas como excêntricos. O mais óbvio desses seria, com certeza, o Sheldon de The Big Bang Theory.
E é aí que o Abed Nadir, de Community, aparece. Você precisa de menos de dois minutos de pesquisa no Google para encontrar vários artigos de pessoas no espectro sobre como eles se identificam positivamente com o Abed.
Uma característica que precisa ser chamada atenção é o quanto ele tem uma rede de apoio que gosta dele como ele é, quando seu hiperfoco que é o seriado Cougar Town acaba, os amigos o encorajam a encontrar uma nova série sem desrespeitar o que o fim do seriado significa para ele.
Eu particularmente gosto do fato dele perceber as estruturas de seriado no próprio Community quebrando a quarta parede com frequência.
A série está disponível na Netflix.
Eu esqueci alguma boa representação de transtornos psicológicos?
Assista ao vídeo que fizemos sobre Transtornos Mentais na Cultura Pop.
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