Da repressão ao orgasmo: A sexualidade da mulher moderna

Por centenas de anos o sexo foi trazido a tona somente como forma de reprodução, em especial quando se fala da sexualidade da mulher.

Sabemos que a muito tempo a nossa sexualidade é reprimida, e o prazer e o orgasmo de nós mulheres era ; e ainda é; entendido como algo que necessita ser podado.
O prazer da mulher era ligado a algo sujo, depravado, e ainda hoje vivenciamos situações onde a mulher não pode demonstrar prazer para não ser taxada de “indecente” e “imoral”.
O tabu que ronda a liberdade sexual feminina é imenso; e a evolução social nesse quesito foi bem pequena se considerarmos a liberdade que os homens tem; ainda hoje, para algumas pessoas é inaceitável uma mulher sentir prazer sexual.

Antes de tudo, é preciso deixar claro que essa repressão tem ligação direta com um fato simples:

Os estudos sobre a sexualidade, eram feitos por homens!

Ao mesmo tempo que a religião, por muito tempo atrelou a sexualidade a reprodução e dessa forma, o prazer é anulado e isso acaba sendo normal na sociedade.

Temos em vista que o nosso dia a dia é repleto de obrigações, dificuldades, desafios e problemas. Trabalhamos, estudamos, criamos e cuidamos!
Apesar disso, todas essas questões são ignoradas, ao mesmo tempo que são tratadas como se fossem coisas normais. Pois vivemos em uma sociedade que exige da mulher que ela dê conta de absolutamente tudo, contudo essa mulher não pode reclamar, se cansar ou “descer do salto”.

E toda essa questão tende a piorar quando a sociedade diz que é normal o fato de que a mulher precisa cuidar do prazer do outro, mesmo que para isso ela tenha que esquecer do seu; os prazeres se transformam em desafios, o sexo vira rotina, rotina vira obrigação e a obrigação traz angustia, que é a causadora de bloqueio sexual em muitas mulheres.

Se você se sentar com um grupo de amigas é quase certeza que alguma delas vai ter problemas com a sexualidade; e esses problemas podem estar ligados ao que acreditamos ser o papel do sexo, ou a sua autoestima.

A aceitação, a autoestima, e o autoconhecimento são bases para uma vida sexual saudável e feliz!

O fator psicológico é algo que interfere muito na sexualidade feminina, temos inseguranças com nossos corpos, nossos desejos, nossos pensamentos, e nossa satisfação.

Seja sincera: Quantas vezes você fingiu um orgasmo para satisfazer o seu parceiro?

E essa não é a única pergunta que tenho para te fazer, quantas vezes você fez sexo por obrigação?
Quantas vezes você não se despiu completamente por receio do seu corpo?

Ou seja, em vários momentos a sua sexualidade, e sua satisfação foram postas de lado em prol de uma outra pessoa, e do desejo de outras pessoas.
E nesse sentido , essa necessidade de cumprir os rótulos e desejo de outros podem gerar sentimentos de culpa, incompletude, baixa autoestima, sensação de anormalidade ou mesmo dificuldades de relacionamento. Todo esse bombardeio de informações e obrigações impostas a mulher, dificultam a conexão entre a mulher “direita” e a mulher sensual/sexual.

O que vemos no dia a dia é que a divisão de papeis, é presa na sociedade, fazendo com que nós mulheres tenhamos que “escolher” qual papel queremos seguir; levando em consideração a ideia de que nos cabe; por sermos mulheres; as responsabilidades de filhos, dos afazeres do lar,  entendidas como ocupações tipicamente femininas e, no momento em que isso é normalizado, nós acabamos sendo obrigadas a  nos encaixar em lugares que não necessariamente nos pertencem ou que a gente queira ocupar.

Todavia , podemos notar que apesar disso, e de todo o peso social colocado , as mulheres a cada dia vem se desconectando desses rótulos; e juntamente com outras mulheres vem redefinindo o significado do que é ser sexualmente ativa. Por exemplo, a cada dia vemos mulheres expressando seus desejos, dizendo NÃO quando não querem; e tirando esse conceito de que sexo em relacionamento é obrigação, ou seja a cada dia, damos um passo para que a sexualidade feminina não seja tabu.

Mulher, é necessário mudar o olhar que nos foi ensinado até hoje!

Contudo para que possamos nos compreender melhor, como seres de opinião, entendendo que a nossa sexualidade precisa  de mais espaço. Precisamos ter a liberdade de discutir, refletir e esclarecer pontos sobre a nossa sexualidade.
Portanto, falar sobre a resistência feminina é algo de extrema importância; algo que é capaz de romper tabus e preconceitos estruturais, que estão ainda presentes no cotidiano e nas falas da sociedade patriarcal em que vivemos. Sempre que nos expressamos; sempre que nos posicionamos, e colocamos nossos desejos em primeiro lugar colaboramos para construir uma nova identidade do que é ser uma mulher moderna.

Somos livres para sentir, falar , pensar o que quisermos, inclusive prazer! E somente conseguiremos alcançar essa liberdade plena quando tratarmos esses assuntos de forma natural. E se cada mulher se colocar como o foco principal de seus desejos, fazendo um exercício de a cada dia descobrir algo que lhe dá prazer, e não apenas sexual. Por exemplo, fazer um ensaio fotográfico para resgatar sua sensualidade, se arrumar para si mesma, de forma que se sinta poderosa, alugar uma suíte no motel e desfrutar da sua própria companhia…
São inúmeras as formas de se dar prazer, então teste, se conheça, se ame, e veja o que te faz feliz.
Toque seu corpo, coloque coisas diferentes na sua relação consigo mesma e com outras pessoas.
Realize seus fetiches, desde que tudo seja feito de forma sã, segura e consensual.

 

Permita-se Gozar!

Afinal, hoje o orgasmo não é mais tão visto como algo reprovável, e nós sabemos que temos a plena capacidade de nos dar esse prazer.
Mas para que você possa desfrutar disso é necessário que se desprenda dos pré conceitos anteriores da sua vida, é preciso que entenda que você é sim lida, que é desejada, que é sexy.
É preciso que saiba que é sim permitido que você diga não, e que diga sim; você pode tomar a iniciativa, você pode ir para cama no primeiro encontro, você pode se dar prazer sozinha.
E tudo que precisa fazer para isso, é abandonar os seus medos em relação ao seu corpo, ao que irão pensar e falar de você, parafraseando Paolla Carosella:

” Eu não gosto de parecer nada, eu quero ser! E se eu sendo parece alguma coisa que as pessoas não gostam, eu prefiro que pareça o que elas não gostam do que eu ser o que eu não sou.”

Então seja!

Jogue-se!

Mostre-se!

Se veja!

Toque-se!

Não se abstenha por alguém!

Não espere passivamente o seu prazer!

Parta em busca dele, da forma que você achar melhor!

Se descubra!

 

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Respostas de 4

  1. Como é lindo de ver, assuntos tão importantes que antigamente eram tabus, serem comentados e publicados por mulheres tão inteligentes… somos mulheres e somos livres! Mil aplausos pra você Raphaela!

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